sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ALERGIA ALIMENTAR

Matéria publicada no Jornal Alto Petrópolis n°270, em novembro de 2011, sob minha autoria.


A alergia alimentar é uma reação indesejável à determinada substância presente no alimento. Envolve um mecanismo imunológico onde podem ocorrer efeitos tóxicos, intolerância ou hipersensibilidade. Os sintomas são muito variáveis, podem surgir reações na pele (urticária, inchaço, coceira, eczema), no sistema gastrintestinal (diarréia, dor abdominal, vômitos), no sistema respiratório (tosse, rouquidão e chiado no peito) ou manifestações mais intensas, acometendo vários órgãos simultaneamente (reação anafilática). Em crianças pequenas, pode ocorrer perda de sangue nas fezes, anemia e retardo no crescimento.

Estima-se que as alergias alimentares acometam 6 a 8% das crianças com menos de três anos de idade e 2 a 3% dos adultos. Estudos indicam que de 50 a 70% dos pacientes com alergia alimentar possuem história familiar de alergia. Se o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de terem filhos alérgicos é de 75%
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O diagnóstico deve ser realizado por um médico e depende de história clínica e alimentar, podendo ser complementado por testes alérgicos cutâneos ou sanguíneos.
  
Alimentos associados à alergia alimentar 

Qualquer alimento pode desencadear reação alérgica. No entanto, leite de vaca, ovo, soja, trigo, soja, peixe, nozes e crustáceos são os 8 alimentos mais envolvidos. O amendoim, os crustáceos, o leite de vaca e as nozes são os que provocam reações mais graves (anafiláticas).

Também pode ocorrer a Síndrome de Alergia Oral, uma manifestação que se manifesta após o contato de determinados alimentos com a mucosa da boca. Os alimentos mais associados são melão, melancia, banana, maçã, pêssego, cereja, batata, cenoura, ameixa, amêndoa, avelã e aipo.  

Corantes e aditivos alimentares
As reações adversas aos conservantes, corantes e aditivos alimentares são raras, mas não devem ser menosprezadas. O corante artificial tartrazina, sulfitos e glutamato monossódico são relatados como causadores de reações. A tartrazina pode ser encontrada nos sucos artificiais, gelatinas e balas coloridas, o glutamato monossódico pode estar presente nos alimentos salgados como temperos (caldos de carne ou galinha) e os sulfitos são encontrados em frutas desidratadas, vinhos e sucos industrializados.   


Intolerância à Lactose 
A intolerância à lactose não é considerada uma alergia alimentar. É uma desordem metabólica onde há ausência da enzima lactase no intestino e, conseqüentemente, uma incapacidade na digestão de lactose (açúcar do leite). Porém, existem indivíduos que desenvolvem alergia à proteína do leite, que é diferente da intolerância à lactose. Enquanto na intolerância à lactose, eventualmente, é possível ingerir pequenas quantidades de leite, na alergia às proteínas do leite, a alimentação não deve conter leite ou derivados.

Tratamento 

São utilizados medicamentos para o tratamento dos sintomas e é orientado que se evite novos contatos com o alimento desencadeante. O paciente deve estar sempre atento, verificando o rótulo dos alimentos industrializados e buscando identificar nomes relacionados ao alimento que lhe desencadeou a alergia. Por exemplo, a presença de manteiga, soro, lactoalbumina ou caseinato apontam para a presença de leite de vaca.

Prevenção

Em crianças, o estímulo ao aleitamento materno no primeiro ano de vida é fundamental, assim como a introdução tardia dos alimentos sólidos potencialmente provocadores de alergia. Recomenda-se a introdução dos alimentos sólidos após o 6º mês, leite de vaca após um ano de idade, ovos aos dois anos, amendoim, nozes e peixe, somente após o terceiro ano de vida.  

Nos adultos que nunca tiveram alergia alimentar, não existe método ou medicamentos preventivos. Caso tenha ocorrido alergia alimentar anteriormente, deve-se evitar o contato com o alimento desencadeante e seus similares.


Fontes:  
Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (http://www.asbai.org.br/default.asp); Food Allergies: What You Need to Know  (http://www.fda.gov/Food/ResourcesForYou/Consumers/ucm079311.htm)



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O que é ortorexia e vigorexia?

A ortorexia é um termo utilizado para o transtorno obsessivo-compulsivo caracterizado por um cuidado extremo em ingerir alimentos saudáveis, o que leva a importantes restrições dietéticas.

Os pacientes ortoréxicos excluem alimentos que eles consideram ser “impuros”, com a justificativa de que contêm herbicidas, pesticidas ou substâncias artificiais e se preocupam em excesso sobre as técnicas e materiais utilizados na preparação dos alimentos. Essa obsessão leva à perda de relações sociais e insatisfações afetivas que, por sua vez, favorece a preocupação obsessiva sobre a comida, fazendo da dieta a parte mais importante de suas vidas.

Os indivíduos com ortorexia também evitam obsessivamente os alimentos que possam conter corantes, aromatizantes, ingredientes geneticamente modificados, todos os tipos gorduras​​, alimentos que contenham muito sal ou muito açúcar. Esse distúrbio, muitas vezes, têm uma história ou características em comum com pacientes anoréxicos. Os ortoréxicos são muito cuidadosos, detalhados e bem organizados, com uma necessidade exagerada de autocuidado e proteção.



Já a vigorexia, também conhecida como dismorfia muscular ou “anorexia nervosa reversa” está associada à distorção de imagem corporal em indivíduos do sexo masculino. Esse transtorno envolve uma preocupação de não ser suficientemente forte e musculoso em todas as partes do corpo. Os indivíduos com vigorexia dedicam muitas horas de exercícios de força muscular e dietas para hipertrofia muscular. Como estão sempre insatisfeitos com sua condição física, isso acarreta em sofrimento pessoal e prejuízos na vida social.

Tanto a ortorexia quanto a vigorexia são distúrbios ainda não reconhecidos pelos manuais da DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), devido à falta de estudos clínicos sobre o assunto. Trata-se de novos distúrbios que envolvem o comportamento alimentar, que vêm sendo discutidos cada vez mais entre os especialistas. Alguns estudos têm sugerido ferramentas de triagem para o diagnóstico precoce dessas doenças, mas ainda necessitam de validação clínica. De uma maneira geral, o tratamento da ortorexia e vigorexia requer uma equipe multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, psicoterapeutas, dentre outros profissionais da saúde.


Fonte: site Nutritotal - http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&id=648&categoria=23